Tudo me parecia cinza, esparso e também estranho. E o mesmo acontecia com os dias, com as músicas, com a sua face iluminada em um filme noir clássico e impecável. Também as estrelas, o céu sufocante e infinito, o amor que nos aprisiona debaixo das principais constelações, anjos e Beethoven à parte.
Eu via tudo isso e tudo isso me parecia cinza, eu pensava, isso também está dentro de mim, enquanto eu caminho soturno pelos bares e avenidas, respiro, transbordo cambaleante pela superficialidade das coisas.

terça-feira, novembro 8

A nossa ressaca de vastidão

O combinado é de entramos juntos no mar. De roupa e tudo e principalmente: sem saber nadar. O combinado é de mergulharmos entre os nossos abismos e afogarmos em nós mesmos. Pegar as moedas dos fundo do mar. Os sonhos que são jogados aos poucos e metais que afundam, a esperança que é deixada para trás quando caminhamos de volta para a praia. As libras que a gente recolhe e pesam nossos bolsos. Completar cem anos dentro dos nosso vinte-e-pouquinhos. Mergulhar até o fundo, tocar o chão, saber tirar a areia por entro os dedos, voltar a superfície, não temer, mas o principal: não soltar nunca da tua mão. Porque afogar dentro de mim é afogar dentro de ti também.

Um naufrágio total do nosso barco cravado com Love. As ondas que nos mastigam, empurram, mas sempre nos trazem de volta. E que conta nesse vai-e-volta, vai-e- volta, a nossa história de vai-e-volta.

Vai-e-volta.

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